On sábado, junho 16, 2007
tanto pra falar...
mas queria postar apenas esse texto. Do site São Paulo Minha Cidade.

Também sou Penhense!

:: O sol nasce no Leste ::Categoria: Nossos bairros, nossas vidas
Autor(a): Mylene Cyrino Basso

Fui a típica garota classe-média-Zona-Sul.Morei no Planalto Paulista, Moema, Jd. Aeroporto. Estudei na Vila Mariana, no Paraíso. Me formei na USP.Décadas de 70 e 80, a São Paulo pós-moderna começava a se delinear. Casas apertadas, tristes, pequenos
quintais cimentados. Apartamento caixa de fósforo, vista a se perder de prédios. O sufoco só diminuía
nas longas voltas com o cachorro, no Parque Ibirapuera . Ou então, mais tarde, nos dias inteiros
passados na Cidade Universitária, mais por gosto que por precisão; mais pelo verde que pelos livros;
mais pela turma que pelas aulas. Liberdade também é cultura.A vida segue em frente, como tem que ser. Conheci meu marido, o longo namoro, o pedido de casamento e
uma condição: filho único, ele não poderia abandonar os pais idosos. Que moravam na Penha, no outro lado
da cidade, na "famigerada"... ZONA LESTE, pesadelo e desterro das patricinhas e mauricinhos.Fui conhecer a casa dos pais, o terreno de 500 m² que viria a abrigar também a minha casa. Amor à
primeira vista: quintal enorme, cheio de ÁRVORES! Pitanga, jambo, romã, caqui, ameixa, carambola, manga,
amora. Tudo à disposição permanente de dezenas de sabiás, maritacas, bem-te-vis. Fora o menu de flores,
especialíssimo para os colibris, abelhas e borboletas coloridas. Horta. Terra. Pés no chão.Casei, mudei, nem lembranças deixei. Construí minha casa, tive dois filhos; possuo 4 cachorros,
galinhas, tartaruga, naquele bairro antigo e maravilhoso. Cheio de casinhas pequenas e quintais enormes.
Árvores, árvores e árvores. Os vizinhos se conhecem e conversam. Bom dia, boa tarde, boa noite, aos conhecidos e desconhecidos. Em junho, as fogueiras (de verdade) iluminam os quintais, cheios de bandeirinhas (inclusive o meu). As velhinhas fazem quitutes em casa e ainda ensinam as netas. Os comerciantes dão balas às crianças dos fregueses - e sabem o nome de todos.Calor humano, respeito, horizontes. Da varanda da casa de minha sogra, avisto ao longe o compacto dos prédios que acompanham o metrô. E o pisca-pisca das torres, sinalizando o distante espigão da Avenida Paulista.Fui uma típica garota classe-média Zona Sul. Hoje sou penhense, de adoção e coração. O sol - lindo de se ver do meu quintal - nasce no Leste.

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